# SOU DAS CORDILHEIRAS SERTANEJAS

No silencio das madrugadas ecoava o tinido da chaleira, assistido pela lua em certas ocasiões;                           Noutras, abafadas  pelo vento frio e imponente na passarela de sua majestade;
Nem a chuva, nem o calor silenciava o tinido da chaleira que acompanhava os movimentos naturais,
como um musico obediente ao maestro regente que faz questão de valorizar cada nota, todas a seu tempo
numa perfeita sintonia, até exalar o convidativo cheiro de café e junto dele a voz meiga e firme de mamãe dizendo: Meninos, acordem, já esta na hora de ordenhar as vacas, que sem se exaltar era repetida por três ou quatro vezes todas as madrugadas sem excessão de dias.

Levantávamos sonolentos, eu e meus dois irmãos, saboreávamos o dilicioso café com bolos e íamos para o curral, onde já estava papai e, quando amanhecia o dia as tarefas já estavam  quase terminadas, antes das sete da manha, já havíamos tratado dos animais e  limpado o ambiente; Depois de uma pausa com mais um cafezinho partíamos para outras obrigações à nos delegadas por papai; Estudávamos em período diferentes para darmos conta das obrigações, pois além do gado, tinha a lavoura, os porcos, as galinhas, roçadas de pastos, contrução e manutenção de cercas, manutenção dos barracões, entre outros; E tínhamos tempo para jogar bola, nadar no caudaloso ribeirão, pescar, brincar de pique, andar a cavalo, subir nas árvores, etc..
Há um ditado que diz que não tem mesmo raiz a tal de felicidade, nos trabalhávamos todos os dias, sem comemorar domingo e sem  feriado; vivíamos em harmonia com a natureza, ouvíamos um som que hoje esta quase esquecido ou ignorados por muitos ouvidos, os sons dos pássaros, dos grilos, das rããs  e dos sapos.

Hoje as pessoas reclamam de barriga cheia, é difícil quem vai até a padaria a pé para buscar o pão de cada dia, não se usa mais machado, enxada, foice, carpideira, trançador, etc...
Mas se acha tudo difícil, adolescente não pode mais trabalhar; e faz jus a mordomia, dorme tarde e acorda tarde, se a mãe pede para ele ir à farmácia, ele quase dá uma voadora nela.
                                                                                          Para quem é de origem humilde, é muito difícil entender certos valores da sociedade atual; vejo constantemente pessoas cuspindo no prato que come, gente que desdenha o mundo rural desconhecendo a sua fonte  alimentar, a falta de susteltabilidade agropecuária gerou essa migração urbana descontrolada.                                                                    
Vivemos num pais super- fértil e, nossos políticos governantes vivem brigando no congresso para aprovarem leis totalmente sem fundamento, com leis para libertinagem  sexual, para mudar o uniforme da policia federal, para mudar a cor do palácio do planalto, entre outras barbárias.

 Hoje não ouço mais o tinido da chaleira nem a meiga voz de mamãe, não ouço os passos fortes e nem a grave voz de papai, Eles já não existem como eu também deixarei de existir; mas sou grato a Deus por te-los me dado por pais, eram simples mas tinham princípios, sabiam e me ensinaram a amar, respeitar a terra criação de Deus e suas criaturas..