segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

JUDAS, O TRAIDOR



1. O pecado da proximidade. Além do fato de a Bíblia dizer que Satanás entrou em Judas a fim de entregar Jesus, não nos é dito outro motivo além da ganância do discípulo. É provável que ele estivesse esperando que Jesus pegasse em armas e conduzisse Israel numa cruzada contra os romanos, ou que usasse seu poder para expulsar os invasores e restaurar a autonomia nacional que os hebreus tinham antes do período do cativeiro. Talvez tenha pensado que os poderes sobrenaturais que Jesus recebeu do Eterno pudessem ser aproveitados ou direcionados para finalidades nacionalistas. Mas o projeto de Deus era outro. Tentado pelo dinheiro, com o coração dominado por Satanás, Judas entregou Jesus, cumprindo assim a profecia, de que Jesus seria traído.

Judas era um homem que poderia ser comprado. Os sacerdotes e doutores da Lei procuravam uma chance de prender e matar Jesus. Eles detestavam os ensinos de Jesus, transmitidos com autoridade. Eles viam as multidões seguindo ao Senhor, tinham conhecimento dos milagres realizados por Ele, e acharam em Judas a pessoa ideal para quebrar as barreiras que impediam seus planos de serem executados. O preço de Judas foi trinta moedas de prata.

2. Uma profecia cumprida. A Palavra de Deus nos mostra que o Filho de Deus seria traído. Essa situação havia sido registrada pelo profeta Davi, no Salmo 41.9. O Salmo registra uma traição realizada por uma pessoa próxima a Davi, e esse texto tem sido aplicado também à forma como Judas tratou o Senhor.

3. O traidor precisava tirar a própria vida? A profecia diz que o Messias seria alvo de traição, mas não diz que o seu traidor deveria tirar a própria vida. Entendemos que Judas poderia ter um destino diferente, ainda que tenha sido instrumento de Satanás para entregar Jesus à morte. Há pessoas, que como Judas, se deixam levar pelo desgosto de seus atos e encerram não apenas a própria vida, como também a possibilidade de serem restauradas por Deus.

                                      COMO JESUS TRATOU JUDAS

1. Jesus o amou até o fim. A declaração de João 13.1 mostra que Jesus não fez acepção de pessoas, mesmo sabendo que Judas o trairia. Ele não tratou Judas de forma diferente da forma que tratou os demais discípulos naquela noite. A traição de Judas não mudou a atitude do Senhor em relação a ele, nem fez de Jesus um traidor. É preciso lembrar de que os demais discípulos deixaram Jesus sozinho, não deram assistência ao Senhor quando esse foi preso. Ainda assim, eles foram trazidos de volta à comunhão com o Senhor. Até Pedro, que negou Jesus diante das pessoas, foi restaurado, e posteriormente, cheio do Espírito no Pentecostes e muito usado por Deus.

2. Jesus deu a ele a ceia. É preciso deixar claro que Jesus deu, com seu exemplo, oportunidades para que Judas se arrependesse. A forma como Jesus tratou seu discípulo deve nos desafiar como exemplo.

3. Jesus lavou os pés dele (Jo 13.12). Jesus não deixou de fora seu traidor, dando-nos uma Lição de humildade e de Liderança servil. Ele sabia que Judas o trairia, e por isso disse: “[…] Ora, vós estais limpos, mas não todos” (Jo 13.10). Judas, consumido pelo seu desejo de dinheiro, teve seus pés lavados, mas sua alma ainda estava contaminada.

Somente o servo de menor importância lavava os pés das pessoas que chegavam na casa. As estradas poeirentas da palestina deixavam os pés sujos, e junto com o cansaço natural da caminhada, deixavam os pés com um aspecto ruim para os viajantes. Ter seus pés Lavados trazia alívio da caminhada e limpeza para os pés. Somente após ter ceado e ter seus pés lavados por Jesus, é que Judas foi consumar a traição.
                                                     CONCLUSÃO

Judas poderia figurar entre os apóstolos na história da Igreja. Poderia ter visto o Senhor ressurreto. Poderia ter participado no dia de Pentecostes. Mas entrou para a história como um traidor, e seu nome representa ainda hoje, essa imagem. Os demais discípulos também deixaram a desejar quando abandonaram Jesus em seus últimos momentos de vida, mas foram trazidos de volta à comunhão pelo próprio Messias ressuscitado. Apenas Judas perdeu tais oportunidades não apenas por ter traído Jesus, mas também por ter dado fim à sua vida. Que possamos entender que em Deus sempre há restauração, desde que tenhamos fé para crer no perdão que Ele nos concede e abandonar aquilo que lhe desagrada.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

PARÁBOLA DO CINTO DE LINHO

Vínculo significa “tudo o que ata, liga ou aperta”. Vivemos tempos de desunião e divisão nas organizações humanas. Infelizmente tais coisas surgem também no seio da Igreja de Cristo.


Jeremias 13 é uma parábola feita por Deus, com objetivo de mostrar ao profeta o estado espiritual do povo de Judá, simbolicamente comparado a um cinto de linho apodrecido. Era uma forma de falar ao seu povo que a comunhão com Ele não andava bem. O Senhor queria reconstituir a comunhão rompida.
A igreja de hoje vive tempos difíceis e alguns de seus valores estão comprometidos. Muitos crentes já precisam de “novos cintos de linho”, pois alguns deles encontram-se com os fios enfraquecidos. Todavia o Espírito Santo pode nos habilitar a tecê-los de novo.
“Assim me disse o Senhor: Vai, compra um cinto de linho e põe-no sobre os lombos, mas não o metas na água” (Jr 13.1). Deus oferecia ao profeta oportunidade de renovação. Trazendo essa tipologia para o ministério cristão, entendemos que valores podem ser renovados. Mas o que significa “cinto de linho sobre os lombos”? Diz respeito a segurança, retidão, unidade e comunhão. O cinto era um item na indumentária cotidiana de homens e mulheres do mundo antigo. Era usado também sobre túnicas sacerdotais, chamadas de éfodes litúrgicos, utilizados nos serviços do tabernáculo ou do templo.
Deus ilustrou o estado espiritual de Judá, ordenando ao profeta que usasse o cinto de linho por algum tempo e depois o levasse a um lugar úmido, ao Eufrates. Após muitos dias voltou ao local e constatou que o cinto estava podre. Os elementos pútridos daquela peça indicavam que a soberba e dureza de coração, haviam degenerado o relacionamento do povo de Israel com seu Criador. Contextualizando: Como está a tão sonhada unidade cristã? Nossos cintos de linho estão fortes e retesados? Temos conseguido evitar elementos de putrefação em nossos ministérios?
Para que serve um cinto? Para dar firmeza aos lombos do usuário. Neste caso o cinto era tecido com fios de linho endurecido e com larga espessura. O mesmo circundava a cintura para firmar o corpo e mantê-lo ereto.
O homem de Deus que ministra precisa ter postura firme e reta. O tal não pode curvar-se às coisas supérfluas ou ceder em sua fé. A expressão “firmeza dos lombos” tipifica a retidão na vida do obreiro. Desvios da verdade, tortuosidade dos caminhos, concessões às heresias, frouxidão doutrinária, expõem roturas no ministério.
Quando isso acontece a obra fica ultrapassada, sem renovação espiritual e absolutamente minada. A não ser que se permita o Espírito de Deus operar livremente, inúmeros crentes sucumbirão. O que não se pode tolerar são paixões pessoais, que apresentam-se vestidas de falsa espiritualidade, e escondem elementos corrosivos à igreja. Um dos erros de Judá foi a soberba, e por causa desse pecado, a humildade perdeu para a ostentação e a renúncia do “eu” para a glória do poder.
Pr. Elienai Cabral, AD em Sobradinho/DF
Membro do Conselho Administrativo da CPAD

Artigo publicado no jornal Mensageiro da Paz de 1 a 15 de março de 2001.