O SURGIMENTO DAS HERESIAS
Juntamente com o desenvolvimento da doutrina cristã, desenvolviam-se também as seitas, ou como eram chamadas, as heresias. Enquanto a Igreja era praticamente judaica em virtude de seus membros, havia uma leve tendência para o pensamento abstrato e especulativo. Entretanto, quando a Igreja se compunha em sua maioria de gregos, especialmente de gregos místicos da Ásia Menor, apareceram opiniões e teorias estranhas, de toda parte, as quais se desenvolveram rapidamente na Igreja. Os cristãos dos três primeiros séculos lutaram não só contra as perseguições do mundo pagão, mas também contra as heresias e doutrinas corrompidas, dentro do próprio rebanho.
Vamos tecer considerações sobre as mais importantes heresias desse período.
O GNOSTICISMO
Filosofia como instrução reveladora das coisas de Deus, que leva ao entendimento do mistério da salvação. Nas Escrituras pode ser identificado o gnosticismo baseado na filosofia helenistíca e nos sábios judeus, em quem se originaram os “cultos de mistérios” dos místicos. Os gnósticos não priorizavam apenas o “conhecimento”, mas a mortificação da carne, o que os dificultava crer que Deus veio em carne por meio de Jesus Cristo.
Foi uma das heresias mais perigosas dos dois primeiros séculos da Igreja. Não eram fáceis de definir, por serem demasiadas variadas suas doutrinas, que diferiam de lugar para lugar, nos diversos períodos. Surgiram na Ásia Menor, e eram como que um enxerto do Cristianismo no paganismo. Criam que do Deus supremo emanava um grande número de divindades inferiores, algumas benéficas e outras malignas. Criam que por meio dessas divindades o mundo foi criado com a mistura do bem e do mal. Interpretavam as Escrituras de forma alegórica, de modo que cada declaração das Escrituras significava aquilo que ao intérprete parecesse mais acertado. Eles diziam possuir capacidades e conhecimentos espirituais superiores que os cristãos não possuíam. Os gnósticos seguem líderes divulgadores de conhecimento espiritual que transcendem o entendimento normal, geralmente considerado secreto.
Seus ensinamentos sobre a criação, o Cristo e a salvação eram tão radicalmente contrários à pregação apostólica e ao ensino dos Pais da Igreja, que as igrejas do Império Romano desenvolveram confissões de fé correta a serem professadas por todos os convertidos, chamados de Credos. também uma doutrina esvaída do Cristianismo verdadeiro.
A doutrina central do gnosticismo, era que o espírito é inteiramente bom e a matéria, inteiramente má. Desse dualismo antibíblico fluíram cinco erros importantes:
1. O corpo do homem, que é matéria, é mau por essa mesma razão. Deve ser diferenciado de Deus, que é totalmente espírito e, por isso mesmo totalmente bom.
2. A salvação é escapar do corpo, sendo obtida mediante a fé em Cristo, mas por meio de conhecimento especial. uma crença herege que aniquila o equilíbrio matéria e espirito.
4. Como o corpo era considerado mau, devia ser tratado com rigor. Essa forma ascética de gnosticismo é combatida por Paulo em parte da carta aos Colossenses, como em 2.20-23 “Se morrestes com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies (as quais coisas todas hão de perecer pelo uso), segundo os preceitos e doutrinas dos homens? As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne”.
5. Paradoxalmente, esse dualismo também levava ao desregramento moral. O raciocínio era que, como a matéria era considerada má, a violação das leis de Deus não era de conseqüência moral.
O gnosticismo com o qual o Novo Testamento lidava era uma forma primitiva dessa heresia, não o sistema desenvolvido e já complexo dos séculos II e III. Para Paulo o gnosticismo era “engodo de humildade” (Cl 2.18). Em confronto com o cristianismo dos apóstolos, os mestres gnósticos são falsos irmãos e causam divisões na igreja (Jd 19), pois se desviaram da graça de Deus (Jd 4). Além da forma encontrada em Colossenses e nas cartas de João, alguma familiaridade com o gnosticismo primitivo se vê refletida em 1 e 2Timóteo, em Tito, em 2Pedro e talvez em 1Corintios.
Atualmente o gnosticismo ressurge sob o disfarce de “cristianismo esotérico”, como, por exemplo, a Ciência Cristã, que estabelece forte distinção entre Jesus e o Cristo, negando qualquer encarnação real, ímpar e ontológica de Deus no homem Jesus. POR TANTO,TUDO QUE NEGA A SUPREMACIA DIVINA É HERESIA......
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.