sexta-feira, 22 de novembro de 2019

É o Natal uma festa pagã


A origem do Natal 


É verdade que a data de 25 de dezembro marcava a celebração de uma festa pagã conhecida como Natalis Solis Invicti (Nascimento do Sol Invencível), em homenagem ao deus Mitra (da religião persa), e que esta festa era estimulada com orgias sexuais e embriaguez. No ano 440 dc., porém, a data foi fixada para marcar o nascimento de Jesus, já que ninguém sabia a data de seu nascimento.
A questão fundamental : Esta origem pagã depõe contra os cristãos que hoje celebram o 25 de dezembro em homenagem a Jesus? Necessariamente, não! O Natal (mesmo tendo urna origem pagã) é um evento que deveria ser celebrado por todos os cristãos ao redor do mundo (sem dogmatizar). Mas, por quê? Ora, havia uma festa dedicada a um deus falso, Mitra, considerado o Sol Invencível. As atenções eram volta­das para ele (e isto, sim, servia aos propósitos de Satanás). Surge, porém, a igreja com uma mensagem inovadora aos pagãos: O Sol Invencível existe, e não é Mitra (uma entidade mito­lógica); seu nome é JESUS! Ele foi visto e toca­do, pois era real (1 João 1:1). Dele falou o profeta Malaquias: “Mas para vós, que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo salvação debaixo das suas asas” (4:2). A festa mitraica oferecia prazeres terrenos e momentâneos (portanto, efêmeros); ao passo que Jesus oferecia a salvação, a libertação do pecado e a vida eterna (valores perenes). “Pois o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14:17).

Foi o cristianismo paganizado? Nunca! Jamais! 
Que nome lhe vem à mente quando menciona­mos a data 25 de dezembro: Mitra ou Jesus? Mitra já foi esquecido, há muito tempo. O Sol da Justiça veio e venceu, provando que Ele, sim, é verdadeiramente o Invencível! Assim, o nome de Jesus foi mais uma vez engrandecido. Onde havia trevas, resplandeceu a luz.

Para entender melhor esta questão, veja os seguintes exemplos:
No princípio era o Logos… 
Muito antes de João escrever que ‘no princípio era o Verbo (do grego logos) e o Logos estava com Deus e o Logos era Deus (João 1:1), já havia no mundo greco-romano uma concepção particular do que era o logos (o termo, portanto, não era desconhecido para os leitores do apóstolo). Uma das idéias que se propagava entre alguns filósofos da época era a de que o Deus Supremo era inatingível: nenhuma criatura poderia manter contato com ele, mas apenas com seres intermediários conhecidos como aeons. O logos, então, seria um dentre muitos aeons.­Ainda concernente ao logos, acreditavam que por ser de constituição espiritual, ele não pode­ria assumir um corpo humano (para tais filósofos, a matéria era inerentemente má).
Tudo isso era um empecilho para que as pessoas não buscassem ter um relacionamento íntimo com Deus, nem aceitassem a idéia de que o logos se encarnou, assumindo a natureza humana (sem pecado).
O apóstolo João dá então um golpe mortal nas concepções errôneas dos filósofos de sua época. Ele diz: “No princípio era o Logos, e o Logos estava com Deus, e o Logos era Deus. E o Logos se fez carne, e habitou entre nós. Vimos a sua glória…” (1:1, 14). João não negou a existência do Logos, mas corrigiu o conceito errado que havia sobre ele. Era possível ter comunhão direta com Deus através do Logos, e o Logos não apenas estava com Deus, mas o próprio Logos era Deus (ou seja, tinha a natureza divina); e para espanto de todos, João disse que o Logos (que era Deus) se fez carne (tornou-se humano) e habitou entre nós. Quem ainda poderia duvidar de que era possível ter comunhão com Deus, se o próprio Deus andou entre nós na pessoa de Jesus de Nazaré, buscando reconciliar o homem com si mesmo?
Do mesmo modo como a mensagem de João sobre o Logos veio para corrigir um conceito errado sobre a pessoa de Deus e da própria natureza humana, assim também a igreja agiu no ano 440 dc., desviando a atenção das pessoas da adoração errônea que se prestava a Mitra, guiando-as ao único que é digno de receber “poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor.., para todo o sempre (Apocalipse 5:12, 13).

Ao Deus desconhecido 
Este é outro exemplo que nos mostra que onde havia trevas, resplandeceu a luz.
O apóstolo Paulo passeava por Atenas, e diz a Bíblia que o seu “espírito se revoltava em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria” (Atos 17:16). Apesar de sua revolta, ele não saiu pela cidade chutando ídolos, amarrando demônios ou dizendo que tudo aquilo era de Satã. A atitude de Paulo foi sensata e inteligente. Ele disse aos atenienses: “Homens atenienses, em tudo vejo que sois muito religiosos. Pois passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Ora, esse que vós honrais sem conhecer é o que eu vos anuncio’ (vv. 22, 23). Paulo usou o ídolo como ponte a fim de transmitir a mensagem do evangelho. Onde havia trevas, resplandeceu a luz, pois diz a Escritura que “aderiram alguns homens a ele, e creram, entre os quais estava Dionísio, o areopagita, e uma mulher por nome Dâmaris, e com ele outros” (v. 23)
Evitando os extremos 
Antes de tudo, é preciso esclarecer o seguinte: O Natal não é um artigo de fé; não faz parte do corpo doutrinário da igreja; é questão de ordem pessoal. É preciso que haja espírito de tolerância para com os que não pensam como nós em aspectos secundários de fl055d fé (Romanos 14). Os extremos devem ser evitados. Não se deve dizer a respeito de quem come­mora o Natal: “Está em pecado; enganado por Satanás”. Por outro lado, quem não celebra o 25 de dezembro não deve ser crucificado por causa disso. Creio, porém, que quem se fecha para essa data, perde urna grande oportunidade, pois nesse dia a maioria das pessoas está sensível a ouvir algo sobre Jesus. Pergunte-lhes o que acham de Jesus ou o que acham do Na­tal; qual o seu real significado; será que Natal significa comer e beber, cantar e dançar? Diga que o mundo precisa do Pai da Eternidade (Isaías 9:6) e não do “papai Noel”. Anuncie para o mundo o que um anjo disse aos pastores ao nascer Jesus: “Eu vos trago novas de grande alegria, que o será para todo o povo. Na cidade de Davi vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lucas 2:10, 11).
(Fonte: Revista Defesa da Fé)
Feliz Natal

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Quem é o Discípulo Amado na Bíblia?



O “discípulo amado” é uma figura misteriosa e sem nome no Quarto Evangelho. Ele aparece explicitamente apenas na segunda metade do evangelho (João 13–21) e serve como testemunha de todos os principais eventos da semana final de Jesus: a ceia, o julgamento, a crucificação, a sepultura vazia e a ressurreição. Sua primeira aparição é na refeição final de Jesus, onde ele se reclina ao lado do Senhor e é solicitado por Pedro para fazer perguntas pessoais sobre o traidor de Jesus (13:23-25). Ele também aparece na cruz, em pé com a mãe de Jesus, enquanto os outros discípulos desapareceram (19:26), recebendo uma comissão para levar Maria para sua própria casa (v. 27). No túmulo, ele ultrapassa Pedro (20:1-10) e acredita que, apesar de Pedro entrar no sepulcro primeiro. Mais tarde, quando os discípulos estão pescando na Galileia e Jesus chama da praia, este discípulo, sozinho, reconhece Jesus (21:7); e enquanto Pedro corre para a praia, o Discípulo Amado trabalha para trazer a rede de peixes.

Alguns estudiosos acreditam que outras referências indiretas podem igualmente identificar a sombra deste discípulo em outras partes do Evangelho. Um discípulo anônimo está com André em João 1: 35–42. Em 18:15 ele está com Pedro no interrogatório de Jesus e é conhecido pelo sumo sacerdote. Na cruz ele é uma testemunha ocular da morte de Jesus (19:35). Acima de tudo, 21:24 descreve-o como a fonte dos testemunhos do Evangelho para a vida de Jesus.

As principais sugestões para a identidade dessa misteriosa figura literária incluem Lázaro, a única pessoa a quem o Evangelho diz que Jesus amava (João 11:3, 11, 36; compare com 11:25–26 e 21: 20–23). Outra sugestão é João Marcos (Atos 12:12), que está associado com Pedro (1 Pe 5:13) e pode ter sido confundido com João na antiguidade. A identificação tradicional é João, filho de Zebedeu. João era um dos Doze e o Amado Discípulo participou da refeição final de Jesus. João frequentemente aparece com Pedro na tradição sinótica, assim a rivalidade aqui com Pedro. O Quarto Evangelho é curiosamente silencioso sobre João, que aparece nos sinóticos como uma figura importante. Um número de escritores pós-apostólicos (por exemplo, Irineu e Policarpo) afirmam que João é o Discípulo Amado, o autor do Quarto Evangelho.

Hoje, o interesse maior se concentra no papel literário ou simbólico desempenhado pelo Discípulo Amado na estrutura teológica do Quarto Evangelho. Alguns afirmaram que ele é o discípulo ideal, oferecido como um modelo de discipulado - uma pessoa que acredita sem evidência física. Outros o descreveram como uma testemunha ideal, que acredita e testifica diante do mundo o que Deus fez em Cristo. Alguns críticos até pensaram que representava simbolicamente a igreja joanina carismática competindo com as crescentes e formais comunidades petrinas. Mais recentemente, estudiosos sugeriram que este era um cristão desconhecido que desempenhou um papel revelador, mediando a verdade divina para a comunidade (muito parecido com o professor anônimo de justiça em Qumran). Esses estudiosos comparam o Discípulo Amado com o prometido Espírito-Paracleto, cujos atributos podem ter sido os mesmos do discípulo.

Deve haver, no entanto, uma figura histórica por trás desse nome. Sua atividade histórica como a fonte confiável da tradição das testemunhas oculares exige que algumas pessoas tenham servido à comunidade joanina como sua inspiração e sua ligação com Jesus. Ele é um modelo de fé e discipulado - mas também uma âncora para a história e o fundador da comunidade joanina.


Bibliografia. R. E. Brown, The Community of the Beloved Disciple (New York, 1979); G. M. Burge, Interpreting the Gospel of John (Grand Rapids, 1992), 37–54; J. Charlesworth, The Beloved Disciple (Valley Forge, 1995); V. Eller, The Beloved Disciple: His Name, His Story, His Thought (Grand Rapids, 1987); M. de Jonge, “The Beloved Disciple and the Date of the Gospel of John,” em Text and Interpretation, ed. E. Best and R. McL. Wilson (Cambridge, 1979), 99–114; J. N. Sanders, “Who Was the Disciple Whom Jesus Loved?” em Studies in the Fourth Gospel, ed. F. Cross (London, 1957), 72–82.