LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Ezequiel 37.1-14
Veio sobre mim a mão do Senhor ; ele me levou pelo Espírito do Senhor e me deixou no meio de um vale que estava cheio de ossos,
e me fez andar ao redor deles; eram mui numerosos na superfície do vale e estavam sequíssimos.
Então, me perguntou: Filho do homem, acaso, poderão reviver estes ossos? Respondi: Senhor Deus, tu o sabes.
Disse-me ele: Profetiza a estes ossos e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor .
Assim diz o Senhor Deus a estes ossos: Eis que farei entrar o espírito em vós, e vivereis.
Porei tendões sobre vós, farei crescer carne sobre vós, sobre vós estenderei pele e porei em vós o espírito, e vivereis. E sabereis que eu sou o Senhor .
Então, profetizei segundo me fora ordenado; enquanto eu profetizava, houve um ruído, um barulho de ossos que batiam contra ossos e se ajuntavam, cada osso ao seu osso.
Olhei, e eis que havia tendões sobre eles, e cresceram as carnes, e se estendeu a pele sobre eles; mas não havia neles o espírito.
Então, ele me disse: Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam.
Profetizei como ele me ordenara, e o espírito entrou neles, e viveram e se puseram em pé, um exército sobremodo numeroso.
Então, me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eis que dizem: Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança; estamos de todo exterminados.
Portanto, profetiza e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Eis que abrirei a vossa sepultura, e vos farei sair dela, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel.
Sabereis que eu sou o Senhor , quando eu abrir a vossa sepultura e vos fizer sair dela, ó povo meu.
Porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos estabelecerei na vossa própria terra. Então, sabereis que eu, o Senhor , disse isto e o fiz, diz o Senhor . Ezequiel 37:1-14
1- INTRODUÇÃO
A visão a respeito do vale de ossos secos é uma das visões mais conhecidas do livro de Ezequiel. Essa imagem traz uma mensagem de restauração nacional e espiritual do povo de Israel. Na presente lição, apresentaremos o vale dos ossos secos. Também veremos a dispersão dos judeus entre as nações ao longo da história. E, finalmente, constataremos o milagre do século XX representado no povo de Israel. É inegável que Deus operou por ele.
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I)Apresentar o significado da visão do vale dos ossos secos;
II) Explicar a dispersão dos judeus entre as nações;
III) Constatar o milagre do século XX.
B) Motivação: A Visão de Ezequiel é uma declaração do poder majestoso de Deus. Seu poder majestoso se revela no sentido de Deus estar disposto a recriar, ou seja, estabelecer novamente o seu povo na terra. Ele continua a recriar novas histórias hoje.
C) Sugestão de Método: Finalmente, chegamos na sétima lei do ensino: a lei da recapitulação e da aplicação. Essa lei pode ser sintetizada assim: ”a conclusão, a prova e a confirmação do ensino devem ser feitas por meio de revisões”. Para aplicar essa lei você pode:
1) Pedir aos alunos que identifique algo que tocou suas vidas;
2) Com base no que aprenderam, peça aos alunos que mencionem três ações específicas que precisam tomar;
3) Peça aos alunos que mencionem uma maneira em que a vida será diferente para eles após a aula.
3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Apresente uma lição espiritual para a sua classe. A partir da visão do vale dos ossos secos, podemos ensinar o que está patente no ensino do Novo Testamento: o Senhor Jesus restaura as vidas dos pecadores que se arrependem.
4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 92, p.41, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto ”A Interpretação do Vale de Ossos Secos” aprofunda o assunto a respeito do significado da profecia do capítulo 37 do livro de Ezequiel; 2) O texto ”Duas restaurações” amplia a perspectiva do renascimento da nação de Israel.
INTRODUÇÃO COMENTÁRIOS
A lição de hoje é um estudo sobre a restauração nacional e espiritual de Israel. A visão que Ezequiel teve do vale de ossos secos descreve, numa linguagem metafórica, como Israel voltará a ser uma nação soberana reconhecida na comunidade internacional, ou seja, a palavra profética contempla uma restauração completa: política e espiritual.
COMENTÁRIOS A chamada à restauração no presente contexto é o renascimento de Israel na terra de seus antepassados, no Oriente Médio, envolvendo a restauração completa, nacional e espiritual. A visão que Ezequiel teve do vale de ossos secos descreve numa linguagem metafórica como Israel voltará a ser uma nação soberana reconhecida na comunidade internacional.
Essa profecia é continuação da promessa do retorno dos judeus para a terra dos seus antepassados, em Éretz Israel do capítulo 36.
É vista por muitos como a mais ou uma das mais importantes do livro de Ezequiel. Como disse Steven Tuell: “a visão do vale de ossos secos é, indiscutivelmente, a passagem mais famosa e influente neste livro”.92 Daniel Block afirma: “Com possível exceção da visão inicial, nenhuma profecia no livro de Ezequiel é tão bem conhecida como 37.1-14”.93 E John W. Wevers declara: “Esta dramática e bem conhecida passagem em Ezequiel é a descrição de uma experiência extática no mesmo cenário em que ocorre a visão inaugural”. A patrística, principalmente os pais gregos, usava essa passagem como base para a doutrina da ressurreição dos mortos.
Essa passagem se reveste de importância especial para os judeus. Foi encontrado esse extrato da profecia em Massada.
Quando os arqueólogos descobriram a fortaleza de Massada, em Israel, entre 1963 e 1965, acharam entre as ruínas os restos de um pergaminho “que estavam melhor conservados, e que se podiam ler com facilidade; continham extratos do capítulo 37: a visão dos ossos”. Massada foi o último bastião dos zelotes que resistiu aos romanos depois da destruição de Jerusalém no ano 70, sendo capturada dois anos depois. Essa visão de 37.1-14 é parte de uma série de revelações que Ezequiel teve durante a noite anterior, quando recebeu o mensageiro com a notícia da destruição de Jerusalém (33.21, 22). Como disse Charles Lee Feinberg, “era para espalhar a tristeza do povo sobre a triste notícia. O principal objetivo da visão era reagir ao desespero e ao pessimismo que haviam tomado conta da nação desesperançada”.96 É o que mostra o versículo 11.
Os oráculos do capítulo 37 podem ser divididos em duas partes principais. A primeira é a visão do vale de ossos secos, uma promessa divina da restauração de Israel como nos tempos antigos, nacional e espiritual, nos versículos 1-14. A segunda parte, a partir do versículo 15, trata do mesmo assunto, mas o enfoque é a reunificação dos dois reinos, Judá e Israel, as dez tribos do norte, como nos dias de Davi e Salomão. Mas, por razão de espaço, o presente estudo se limitará à primeira parte.
Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 117-118.
Este capítulo contém o oráculo do Vale de Ossos Secos (vss. 1-14) e o oráculo dos Dois Paus (vss. 15-28). Estas duas seções ilustram o tema da restauração de Israel. Historicamente, visam a volta dos exilados do cativeiro babilónico; profeticamente, visam a restauração no Novo Israel, no dia escatológico, quando o Reino do Messias se realizará. O capítulo 37 ilustra as promessas do capítulo 36: a restauração da Terra; a repovoação; uma agricultura superprodutiva; uma vida renovada como aquela no jardim do Éden. O Israel no cativeiro estava morto e espalhado, como uma multidão de ossos secos sobre toda a terra. Yahweh se mostrou capaz de reajuntar todos os ossos secos para fazer um Novo Homem. Somente Deus pode efetuar tal obra.
A Visão do Vale de Ossos Secos (37.1-14)
Vale, ou Planície. Cf. Eze. 3.22 e 8.4. Os ossos são os exilados na Babilónia, o remanescente sem esperança de ressuscitar para o recomeço do Reino de Judá. Quem poderia fazer, de ossos secos de mortos, novos seres? Essa obra seria tão difícil quanto restaurar Israel na sua Terra, trazendo uma nação de volta da morte.
O texto informa que o poder de Yahweh era suficiente para efetuar essas duas obras e quaisquer outras. Judá, no cativeiro, perdeu as esperanças, mas o decreto misericordioso de Ciro mudou sua mente. Eles começaram a pensar que o que era considerado impossível poderia ser feito. Levou tempo para que o propósito fosse realizado, mas, no fim, foi cumprido. Levará tempo para trazer Israel para a restauração do Reino do Messias, mas isso será realizado, afinal.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3315.
Não temos mais esperanças!” Era isso o que os exilados judeus estavam dizendo enquanto se consumiam de desgosto na Babilônia (Ez 37:11; 33:10), e, do ponto de vista humano, essa declaração era verdadeira.
Contudo, se tivessem dado ouvidos a seus profetas, teriam mantido as esperanças no Senhor e olhado para o futuro com grande expectativa. Jeremias lhes havia escrito que ficariam na Babilônia por setenta anos e que os planos de Deus para eles eram de paz e não de mal (Jr 29:10). Ezequiel havia lhes dado as promessas de Deus de que reuniria seu povo e o levaria de volta para sua terra (Ez 11:17; 20:34, 41, 42; 28:25). Diz um provérbio latino que: “Onde há vida, há esperança”, mas o inverso também é verdade:
onde há esperança, encontramos motivo para viver. Nas palavras do teólogo suíço Emil Brunner: “A esperança está para o sentido da vida como o oxigênio está para os pulmões”.
Em suas mensagens anteriores, Ezequiel olhou para trás e reprovou o povo por seus pecados. Agora, ele olha para frente e encoraja o povo ao dizer-lhe o que o Senhor fará por Israel no futuro. Essas promessas vão além do fim do cativeiro na Babilônia e preveem o fim dos tempos. O povo judeu será reunido em sua própria terra, que será purificada e restaurada, e a nação terá um novo templo e a presença da glória do Senhor. O futuro de Israel pode ser resumido em quatro palavras: restauração, regeneração, ressurreição e reunião.
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. IV. Editora Central Gospel. pag. 283.
I – SOBRE O SIGNIFICADO DO VALE DE OSSOS SECOS
1- Os Ossos Secos (vv. 1,2).
O profeta não diz como exatamente Deus o levou ao vale, mas a expressão ”e o SENHOR me levou em espírito” (v.1) se refere à maneira de como Deus lhe entregou esses oráculos, ou seja, por meio de visão, como já havia acontecido antes (Ez1.1; 8.3;11.24). Ele foi conduzido em visão e colocado no meio de um vale cheio de ossos secos, que estavam sequíssimos. Essa revelação é uma profecia que anuncia, de antemão, a restauração nacional de Israel depois de muitos séculos de dispersão entre nações, seguida pela restauração espiritual.
COMENTÁRIOS
Por ordem de Javé, Ezequiel tinha ido a um vale antes, no início de sua carreira profética, pois Deus queria falar com o Profeta naquele lugar (3.22). No texto hebraico, como em Ezequiel 3.22, o vale vem acompanhado do artigo; então, trata-se de um vale específico e não de um vale qualquer, mas conhecido do Profeta.
Embora o vale, nesse primeiro caso, não seja identificado, o contexto parece indicar sua localização na Babilônia, pois Deus mandou Ezequiel ir ao vale: “Levante-se e vá para o vale, onde falarei com você. Levantei-me e fui para o vale” (3.22, 23). Mas, nessa passagem do vale de ossos secos, o Profeta foi levado: e me deixou no meio de um vale que estava cheio de ossos. Ele foi levado em espírito, ou pelo Espírito, que se refere a uma visão, mas não necessariamente que o vale seja uma visão. Ezequiel foi levado numa visão pelo Espírito Santo ao templo de Jerusalém, uma construção real num local geográfico, mas o que o profeta via era uma visão do que estava acontecendo no templo (8.18). É possível que esse vale seja um local geográfico como o templo; ele é igualmente específico como em 3.22, pois em hebraico aparece habiq‘âh, que vem acompanhado do artigo, mas isso não é em si garantia de um local geográfico.
37.2 Ele me fez andar ao redor deles, e eu pude ver que eram muito numerosos na superfície do vale e estavam sequíssimos. Há muitas especulações sobre o local do vale e a procedência dos ossos, isso partindo do princípio de que se trata de um local geográfico. A linguagem, às vezes, pode parecer uma presença física no vale, in corpore, isto é, no corpo, como a expressão me fez andar ao redor deles, ou seja, dos ossos. Disse Jack Deere: “As visões são sonhos que temos quando estamos acordados”, vindos de Deus. Ezequiel via em sua visão na superfície do vale uma grande quantidade de ossos, que eram muito numerosos na superfície do vale e estavam sequíssimos. Isso revela que essa ossada humana tinha estado ali durante muitos anos, ou talvez séculos; do contrário, esses ossos não estariam sequíssimos.
É verdade que Moisés anunciou a possibilidade de Israel experimentar o castigo post mortem como forma de execrar a memória dos que violassem o concerto do Sinai (Dt 28.26).
Jeremias anunciou o castigo em razão dos cadáveres que não foram sepultados, mas lançados num vale, de modo que os animais e as aves de rapina deles se alimentariam (Jr 7.33; 34.20). Mas os livros históricos do Antigo Testamento não registram nenhuma cena semelhante, um vale com tão grande número de ossos, exceto o lugar que o rei Josias encheu “com ossos humanos” em Jerusalém (2Rs 23.14). O importante é saber o significado dessa visão; se foi uma experiência física ou visionária, é de menos importância. Israel estava destroçado no exílio, e as esperanças se esvaíram completamente da alma do povo com a destruição da cidade santa e do templo (33.21, 22). Esse vale era o retrato desse contexto, uma vez que os judeus se viam como ossos secos (v. 11).
Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 120-121.
Ele me levou pelo Espírito. A mão de Yahweh agiu para dar ao profeta a visão dos ossos secos. Ver no Dicionário o artigo chamado Mão, e em Sal. 81.14. Ver sobre mão direita, em Sal. 20.6, e sobre braço, em Sal. 77.15 e 98.1. A mão poderosa do Senhor levou Ezequiel para certo vale, em visão, naturalmente. Cf. o vale de Eze. 3.23, que talvez estivesse na mente do autor quando compôs este texto. Aquele vale tornou-se um lugar de revelação. O profeta enfrentou uma cena horripilante da morte. Desastres tinham tomado conta de Judá quando o exército babilónico a aniquilou. Uma nação inteira tornou-se uma massa de ossos secos sob os raios do sol implacável que os secava e branqueava. Os ossos estavam mortos, em todos os sentidos da palavra.
E me fez andar ao redor deles. Ezequiel fez um circuito no vale. Os ossos secos não foram empilhados, mas espalhados sobre uma área considerável. Assim, o profeta levou algum tempo para atravessar aquela área. O que ele viu foi uma coisa só: morte e destruição, inumeráveis ossos dos mortos ressecados e branqueados pelo sol. O desespero reinava naquele lugar miserável. Não havia nenhum potencial de vida. Os ataques e cativeiros da Babilônia haviam conseguido a quase extinção de Judá, e o profeta, vendo o vale, teria dito que a extinção do povo fora absoluta. Somente a obra especial da graça de Deus poderia reverter aquela situação. Afinal, a salvação provém da graça, embora exija a cooperação do homem para aceitá-la.
Conduza, Luz Gentil, dentre a negra escuridão Conduza-me à frente.
A noite está escura e longe de casa estou,
Conduza-me à frente.
Mantenha os meus pés; não peço para ver A distante cena;
Um passo apenas, o bastante para mim.
(John H. Newman)
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3315.
A visão dos ossos secos (37.1,2)
Esses versos são produzidos no estilo narrativo simples, iniciando-se abruptamente com uma forma verbal no tempo perfeito, hãyètâ. Visto que a linha inicial. Veio sobre mim a mão do Senhor (hãyètâ ‘ãlay yad-yhwh), é idêntica a 40.1, exceto pelo fato de que não contém a informação de data, muitos têm harmonizado essa introdução com os relatos da outra visão (cf1.1-3;8.1), acrescentando 0 elemento faltante. Que data poderia ser essa, pode-se apenas especular, mas se tal observação estava presente, parece ter sido omitida intencionalmente para ligar o capítulo 37 mais intimamente ao capítulo 36. Como em outro texto no livro, a chegada da mão de Yahweh sobre o profeta fala da força esmagadora com a qual o profeta se dá conta de ter sido agarrado por Deus, e, nesse instante, arrebatado.
O modo como ocorreu o deslocamento de Ezequiel é descrito como pelo Espirito de Yahweh {bërûah yhwh). A declaração apresenta o leitor ao mote, rúah, que ocorre dez vezes nos vv. 1-14. No estilo caracteristicamente ezequielense, entretanto, rúah apresenta pelo menos três nuances diferentes dentro dessa unidade: meio de transporte (v.1), direção (v. 9c), e meio de animação (vv. 5,6). A presente frase. Espirito de Yahweh, ocorre em outra passagem, no livro, em 11.5, em que a descida do Espírito de Yahweh sobre Ezequiel é seguida de uma ordem para profetizar. Mas seria necessário se distinguir o papel de rúah como agente de inspiração profética de seu papel como meio de transporte. A presente atividade ostenta uma semelhança mais íntima com 11.24, segundo a qual bèrúah ‘èloh’m, “pelo Espírito de Deus”, explica bèmar’eh, “em uma visão”, como agente transportador. Ambas são expressões técnicas associadas com experiências proféticas semelhantes a transe, e não há necessidade de supor uma jornada física literal em nenhuma dessas instâncias.
Na visão, o profeta se encontra arrebatado e colocado num vale (habbiqq’ä), não identificado, mas presumivelmente bem conhecido por Ezequiel, se não pela audiência, também. A partir da perspectiva de Deus, esse não era, certamente, um vale qualquer, escolhido aleatoriamente. Mais importante que a sua localização é a visão que recepciona o profeta ali: uma imensa coleção de ossos brancos, resplandecendo ao sol. Como que para assegurar o total impacto da visão sobre o profeta, Yahweh o conduz para frente e para trás ao redor dos ossos.
A cena é impressionante por três aspectos. Primeiro, a oração circunstancial no final do v. 1 e a frase wèhinneh rabbôt mè ’õd realçam a perplexidade de Ezequiel ante o número extremamente alto de ossos.- A importância do número deles não se tomará aparente senão posteriormente (v. 10), mas a visão sugere os restos de uma grande catástrofe. Segundo, os ossos estão na superfície do vale, à semelhança de cadáveres aos quais foi negado um sepultamento adequado e que, por isso, foram deixados para desprezíveis abutres. Na qualidade de israelita e especialmente de sacerdote, Ezequiel sabia quão importante era o tratamento adequado dos cadáveres humanos,” e a imagem alterada das sepulturas nos comentários interpretativos do v.12 iria certamente ter sido melhor recebida pelo profeta. Terceiro, o profeta fica surpreso diante da extrema secura dos ossos, a qual indica que as pessoas cujos restos eles representam deveriam ter morrido há muito tempo. A figura concretiza a falta de esperança expressa no v.11; nenhuma força vital permanece neles. A narrativa não deixa qualquer sugestão a respeito de a quem os ossos poderiam pertencer, mas a figura é de morte com todo o seu horror, intensidade e finalidade.
Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 345-347.
2- O Significado.
Nos versículos 11-14, Deus explica a Ezequiel o significado da visão. A palavra profética esclarece que “estes ossos são toda a casa de Israel” (v.11). Muitos dos dispersos haviam perdido a esperança e se sentiam totalmente destruídos: “os nossos ossos secaram” expressão que significa ruína definitiva “e pereceu a nossa esperança; nós estamos cortados”. O discurso não diz quando os oráculos foram entregues ao profeta, mas, com base no versículo 11, podemos afirmar que isso aconteceu logo que Ezequiel recebeu a notícia da destruição de Jerusalém e do Templo (Ez 33.21). Se esse pensamento puder ser confirmado, isso significa que a dispersão já estava concluída (2 Rs 25.10,11; 2 Cr 36.20).
COMENTÁRIOS
Para os exilados na Babilônia e os sobreviventes em Judá, depois da destruição de Jerusalém e do templo, não havia mais esperança diante de tal desolação. Eles mesmos se viam como ossos secos. Javé explica isso a Ezequiel: esses ossos são toda a casa de Israel. Essa é a parte mais crucial da profecia, pois explica que o vale de ossos é a nação que fora extinta.
Deus acrescenta ainda que eles mesmos assim se identificam: Eis que dizem: Os nossos ossos estão secos, perdemos a nossa esperança, fomos exterminados; outras versões traduzem: “nós estamos cortados” (ARC); “somos inteiramente exterminados” (TB); “estamos de todo exterminado” (ARA); “nossa nação acabou” (NVT).
A tragédia judaica era a extinção da nação; o povo estava espalhado por toda parte como pária, sem um governo e sem território. O estado havia sido extinto. O povo havia perdido completamente a esperança de reviver os dias áureos de Davi e Salomão e, muito mais, a volta de Israel como nação soberana.
Mas, com a visão do vale, cujos ossos voltam a viver pelo poder de Deus, isso mostra que da mesma maneira Javé vai trazer os judeus dispersos por toda parte do mundo para a terra dos seus antepassados. A visão do vale é uma demonstração do poder de Deus para cumprir a sua promessa. É o que se afirma a seguir.
Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 124-125.
Estes ossos são toda a casa de Israel. A casa de Israel (ver Eze. 3.1,3,5; 4.3) era uma grande massa de ossos secos espalhados em toda a parte do vale, isto é, a Babilônia. Não houve mais vida; toda a esperança se perdeu; a nação inteira foi “cortada fora”, isto é, morreu violentamente. Os babilônios, mais uma vez, tinham cometido genocídio.
Estamos de todo exterminados. “Os sobreviventes sabiam que suas esperanças nacionais tinham sido esmagadas. A nação inteira morreu nas chamas do ataque babilónico e não houve esperança de ressurreição” (Charles H. Dyer, in loc.). Cf. Sal. 141.7 e Isa. 49.14. A árvore cortada foi separada das suas raízes e, assim, caiu e morreu.
Eis que abrirei as vossas sepulturas, e vos farei sair delas. Neste trecho, o autor utiliza uma nova figura. Os ossos do vale tornam-se esqueletos nos seus sepulcros. Adonai-Yahweh (o Soberano Eterno Deus) emprega Seu poder imenso para abrir os sepulcros e chamar para fora os esqueletos. No processo de sair, eles se animam e tomam-se criaturas vivas.
Uma restauração nacional foi realizada pelo milagre da graça que somente o poder de Deus podia efetuar. Através da ressurreição, o povo que vagueava volta para ser o povo escolhido de Deus, florescendo na sua Terra, no seu Lar. Um novo ciclo da história se iniciou, antegozando acontecimentos que serão ainda mais espetaculares nos últimos dias, no Reino do Messias.
Afinal, Israel tornar-se-á um povo realmente distinto entre as nações (ver este ideal em Deu. 4.4-8). A renovação é completa: física, moral e espiritual. O sopro do Espírito era (é) o agente desta revolução de vida. Cf. Eze. 36.24-28 e João
5.25,28-29. A fidelidade de Yahweh estava vinculada aos pactos por Ele firmados. Sem sua Terra, a nação de Israel não poderia continuar existindo.
Ó povo meu. … Estou com eles e eles são o meu povo, a casa de Israel, diz o Senhor Deus” (Eze. 34.30). Cf. Eze. 11.20; 36.27 e Jer. 30.22.
Sabereis que eu sou o Senhor. Pela restauração nacional, Israel-Judá conhecerá Yahweh melhor, de uma maneira nova e especial. Este tema se repete 63 vezes neste livro, normalmente associado ao julgamento, mas, às vezes, como aqui, à ideia de restauração.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3316.
Como já foi anunciado, a declaração inicial é expositiva, oferecendo a primeira declaração interpretativa clara sobre a visão. Os ossos na superfície do vale não representam apenas quaisquer vítimas das guerras de Nabucodonosor, às quais foi negada uma sepultura apropriada; eles representam toda a casa de Israel, inclusive aqueles que foram exilados pelos assírios há mais de 130 anos. A extensão da atividade revigorante de Yahweh que fora afirmada anteriormente em 36.10, e será reiterada em 39.25 e 45.6, reflete o consistente quadro profético do povo de Yahweh como que envolvendo todas as doze tribos da casa de Israel. De fato, a sequência desse oráculo (37.15-28) será elaborada conforme o desígnio de Yahweh para a nação como um todo.
Mas Yahweh interrompe sua própria exposição sobre a natureza da revivificação da nação para informar seu profeta de uma citação circulante entre os exilados, apesar de que Ezequiel certamente estivesse cônscio das conversações entre os seus compatriotas. Afinal de contas, a casa do profeta havia se tomado um ponto central das atividades comunais exílicas (cf 33.30-33). Não obstante o presente padrão, com Yahweh lembrando o profeta das palavras do povo, ocorra em cada um dos discursos de contestação encontrados no livro- esta é a única ocasião em que a citação é introduzida com hinnêh, Olha. A partícula imperativa tem duas funções neste contexto. Retoricamente, ela representa um quase-imperativo gerador de atenção. Com este hinnêh, Ezequiel é sacudido e trazido de volta à realidade, arrancado do êxtase deste mundo visionário, em que os ossos secos reviveram diante de seus olhos. Logicamente, ele fomece uma ligação, juntando com lãkên, no v.12, para criar uma seqüência de orações de necessidade e resposta, se não de causa e efeito.
O comentário do povo é um lamento, emitido em forma rítmica tripartite, consistindo, cada declaração, de duas palavras e concluindo com rimas -ênúl-ãnü. (\) yãbèSü “asmôtênü, Nossos ossos estão secos, é uma declaração metafórica, associando dois elementos comuns nas expressões de lamento dos salmos. (2) wè’ãbêdâ tiqwãtênú, nossa esperança se desvaneceu, interpreta a metáfora. A mesma expressão de desesperança foi usada a respeito da leoa, em 19.5, na perda de seu filhote. (3) nigzarnú lãnâ, nós estamos destruídos, reflete o pessimismo deles. O impacto emocional de serem exterminados é pungentemente expressado no Sl 88.6-15 (v.port. 3-12). O desalento dos israelitas é óbvio na presente citação. Eles haviam contado com as imutáveis promessas de Yahweh para sua segurança, mas ele os havia abandonado. As sucessivas calamidades de 732, 722,597 e 586 haviam resquício qualquer resquício de esperança.
Embora Ezequiel jamais tenha traído seus próprios sentimentos com relação ao desalento dos exilados, a visão dos vv.1-10 representa a resposta de Yahweh. O v.12 insinua, pela primeira vez, que essa mensagem de esperança é para os compatriotas de Ezequiel. Ele havia profetizado fielmente aos ossos e ao espírito; agora, ele é ordenado a entregar aos seus companheiros de exílio uma mensagem de esperança da parte de Yahweh. A reação de Yahweh ao lamento se divide em duas partes, correspondendo à refutação e à tese contrária de seus discursos de contestação. Conquanto haja alguma justaposição de ideias, o v. 14 adianta as noções levantadas nos vv.12,13. Mas o foco permanece, por todo o trecho, em Yahweh, que é o único capaz de trazer esperança a um povo desesperado.
A partícula demonstrativa hinnêh, Olha, reascende a atenção do público, apontando para as boas-novas anunciadas numa tríade de promessas, que corresponde ao lamento tripartite. Primeiro, Yahweh anuncia que vai abrir as sepulturas de Israel. Para a classe mais elevada isso significava empurrar as pedras que bloqueavam a entrada às sepulturas familiares cortadas na rocha. Para a maior parte da população, que tinha condições mais modestas, isto significava remover a terra que cobria aqueles que haviam sido enterrados em covas rasas, no chão. Se o profeta havia compartilhado com sua audiência a visão anterior dos ossos secos, esta mistura de metáforas iria provavelmente pegá-los desprevenidos, exatamente como acontece com o leitor moderno ao ler o relato literário. Mas a cena de um número enorme de ossos brancos resplandecendo sob o sol mesopotâmico deu lugar á imagem de um cemitério onde os cadáveres haviam sido respeitosamente enterrados. Tendo em vista o seu envolvimento pessoal nos vv. 1-10, entretanto, essa visão pode ter sido destinada para o bem do próprio Ezequiel, oferecendo-lhe segurança tangível quanto à veracidade das promessas de Yahweh.
Segundo, Yahweh declara que vai levantar Israel das sepulturas. A primeira declaração não deixou qualquer pista a respeito da intenção de Yahweh no sentido de abrir as sepulturas. Ele poderia ter tido outro sepultamento secundário em mente. As sepulturas familiares, especialmente as do tipo cortadas na rocha, eram reabertas sempre que outro membro da família morria, de modo que a pessoa podia ser “reunida ao povo/aos ancestrais”. Os céticos do público de Ezequiel poderiam ter imaginado um motivo sinistro, talvez roubar as sepulturas ou profanar os restos mortais, práticas comuns no antigo Oriente Próximo. Mas, agora, Yahweh se posiciona na qualidade de um descobridor de sepulturas, como nenhum outro. O tesouro que ele procura são os corpos de seu povo, os quais vai levantar da sepultura. Visto que o verbo he”èlâ pertence à terminologia do êxodo entretanto, a escolha dessa palavra prepara para a terceira promessa de Yahweh.
Terceiro, Yahweh os levará para a terra de Israel. Agora, a figura do cemitério é abandonada completamente e uma linguagem do novo êxodo, que está no coração dos oráculos de restauração de Ezequiel (20.42; 34.13; 36.24; 37.21), não deixa dúvidas quanto às intenções de Yahweh. Embora muitos omitam “amm” “meu povo”, como um comentário intrusivo, essa operação rouba a promessa nos vv. 12,13 de um tema crucial. O desalento dos exilados se originou da convicção de que, com a queda de Jerusalém, em 586, 0 relacionamento divindade-nação-terra fora destruído para sempre. Com essa declaração, entretanto, Yahweh promete restaurar o relacionamento tripartite. Ele vai levá-los de volta como seu povo e devolvê-los à sua pátria hereditária.
Como na maioria dos oráculos de Ezequiel, a fónnula de reconhecimento conclusiva anuncia o verdadeiro propósito de Yahweh, ou seja, o reconhecimento de sua pessoa e suas reivindicações sobre o povo restaurado. Durante muito tempo, a nação havia abusado do relacionamento com Yahweh, em decorrência da presença deles na terra. Agora, Yahweh anuncia as boas-novas de que a revivificação que ele fará na nação será acompanhada de um reavivamento espiritual, também. No final, eles serão reconstituídos não apenas como nação em sua pátria hereditária, mas, também, como o povo de Yahweh.
Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 352-355.
3- As promessas de Deus.
O mesmo Deus que fez as feridas Ele mesmo as ligará (Os 6.1). O mesmo Deus que advertiu o povo, ainda nos dias de Moisés, da diáspora em caso de desobediência aos mandamentos de Javé (Lv 26.33-37; Dt 28.25,36,37), prometeu trazê-lo de volta (Jr 31.17; Ez 11.17). A dispersão de Israel entre as nações é identificada com o vale de ossos secos da visão de Ezequiel. Essa visão serviu para aumentar a esperança do povo durante os séculos de perseguições entre as nações na diáspora. A Visão vislumbra a restauração nacional e em seguida a espiritual.
COMENTÁRIOS
Vem, e voltemos para o Senhor Quando Deus tinha o propósito de abandoná-los, e eles descobriram que ele havia retornado a seu lugar para seu templo, onde só ele poderia ser procurado com sucesso, eles, sentindo sua fraqueza, e a inconstância, o cansaço, e infidelidade de seus ídolos e aliados, agora resolver a “voltar para o Senhor”, e, referindo-se ao que ele disse, Oséias 5:14 : “Eu vou rasgar e ir embora,” eles dizem, ele ” tem rasgado, mas ele vai nos curar; “seus aliados tinham rasgado, mas não lhes deu nenhuma cura. Embora, portanto, reconhecer a justiça de Deus no seu castigo, eles dependem de sua misericórdia bem conhecido e compaixão para a restauração à vida e à saúde.
ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke. Oséias.
Vinde, e tornemos para o Senhor. Encontramos aqui um convite direto do povo, feito a eles próprios, para abandonar a idolatria-adultério-apostasia e voltar ao yahwismo, visto que se tornara claro que sua rebelião estava provocando um encontro fatal com o destino. O poder divino os havia ferido, mas esse mesmo poder poderia pensar seus ferimentos e curá-los. Todo o arrependimento forçado é notoriamente superficial e logo abandonado quando as coisas melhoram um pouco. A história mostra que o excelente ideal dos vss. 1-3 não se cumpriu. Israel desviou-se demais e tornou-se incapaz de ser remido. Ver Osé. 5.4 quanto a comentários sobre essa ideia. O vs. 4 dá início à resposta de Yahweh a esse proposto arrependimento, chamando-o de “névoa matutina”, que logo desaparece quando o sol começa a brilhar. O julgamento não seria relembrado (vs. 5), por causa de um momento de pensamentos melhores por parte do povo.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3459.
Arrependimento superficial
O propósito de Deus na disciplina do seu povo não era a sua destruição, mas a sua restauração: “Irei, e voltarei para o meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem a minha face; estando eles angustiados, cedo me buscarão, dizendo: Vinde, e tornemos para o Senhor …” (5.15-6.1). O que Deus esperava era uma genuína conversão, manifestada pelo arrependimento (“até que se reconheçam culpados”) e pela fé (“e busquem a minha face”). O arrependimento e a fé são os dois elementos da conversão.
O primeiro elemento é negativo. O arrependimento é o reconhecimento da culpa, enquanto a fé é a volta para Deus para depositar nele inteira confiança.
R. Crabtree diz que esse apelo para voltar ao Senhor baseia-se na certeza de que o administrador do castigo poderia sarar as feridas. Reduzidos à desesperança, não tiveram outro caminho, senão voltar para o Senhor.
No entanto, será que Israel voltou-se mesmo para o Senhor?
Era o Senhor mesmo que eles buscavam? O texto em tela mostra que essa volta não era de todo o coração e que o arrependimento não foi profundo o suficiente.
Ele não se contenta com sinais externos. Ele não se agrada de palavras bonitas e corações impenitentes. Ele requer verdade no íntimo.
LOPES. Hernandes Dias. OSEIAS O amor de Deus em ação. Editora Hagnos. pag. 117-118.
SINOPSE I
A restauração de Israel é necessária porque se trata de uma promessa divina.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
A INTERPRETAÇÃO DO VALE DE OSSOS SECOS
“Em todo o Antigo Testamento, a junção do novo concerto com a terra renovada está mais bem explicada em Ezequiel 37. O profeta conta a visão que teve de um vale cheio de ossos secos, os ossos secos de pessoas mortas há muito tempo. O Senhor lhe disse que informasse estes ossos que o Espírito de Deus entrou neles e os reavivará de volta à vida.
Quando isso acontece, Ezequiel fica espantosamente admirado e, em um instante, os esqueletos se enchem de carne e tendões e um ser vivo – de fato, um exército – se põe de pé. A interpretação é dada. Estes ossos são Israel, morto em pecado e no exílio. O reavivamento é o ato gracioso de Deus reavivar o povo e estabelece-lo de volta na Terra Prometida. Este é um povo, Israel e Judá, pois não será apenas Judá que voltará do exílio babilônico (Ez 37.15-17). Quer dizer este é, o Israel escatológico, a nação reunida desde os confins da terra nos últimos tempos (v.21). O povo de Israel se tornará um povo na terra e terá somente um rei, o descente de Davi (v.24). Nunca mais os israelitas cairão na desobediência idólatra, porque são um povo limpo que para sempre permanecerá assim” (ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento. Vol. 4. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.410).
II – SOBRE A DISPERSÃO DOS JUDEUS ENTRE AS NAÇÕES
1- As diásporas de Israel e Judá.
A Primeira Diáspora começou em 605 a.C. quando o rei Nabucodonosor subordinou Jeoaquim, rei de Judá, aos babilônios (2Rs 24.1,2; Dn 1.1,2). O cativeiro assírio de 722 a.C., faz parte da primeira dispersão (2Rs 17.23). Mesmo com o fim do cativeiro de Judá por meio do decreto de Ciro, rei da Pérsia, em 538 a.C. (2Cr 36.20-22; Ed.1.1,2), a maioria dos judeus jamais retornou à terra de Israel. Desde então, eles continuaram por toda parte. Nos tempos do Novo Testamento havia comunidades judaicas nos grandes centros urbanos no vasto império romano. Então, a profecia de Ezequiel se refere a uma diáspora posterior.
COMENTÁRIOS
Definição
Esse termo é usado pelos historiadores para referir-se às colônias judaicas (forçadas ou não), que eles estabeleceram em outras partes do mundo, fora da Palestina. A palavra é grega e significa «dispersão». Equivale ao vocábulo hebraico golah. O termo inclui os movimentos voluntários de emigração de judeus para outras terras, mas também se refere às colônias judaicas que resultaram de guerras, exílios e aprisionamentos.
Os descendentes dos exilados e deportados também vieram a fazer parte da diáspora. Os Oráculo« Sibilino« (cerca de 250 A.C.) refletem a extensão da dispersão dos judeus, afirmando que cada terra e que cada mar estava repleto de judeus. Nos tempos do Novo Testamento, havia mais judeus vivendo fora da Palestina do que dentro dela. O número de judeus dispersos, naquela época, tem sido calculado entre três a cinco milhões de pessoas.
Distinta dos Cativeiros
Alguns estudiosos fazem a distinção entre os cativeiros e a diáspora. No entanto, filhos de Israel que ficaram nas terras onde eles estiveram exilados por certo contam-se entre os partícipes da diáspora, e muitos autores não estabelecem essa delicada distinção. Seja como for, o termo diáspora refere-se originalmente aos judeus dispersos fora da Palestina, durante os períodos grego e romano. Pequenas comunidades judaicas têm existido fora da Palestina desde que Judá e Israel tornaram-se reinos separados, após a época de Salomão. Atualmente, alguns eruditos usam esse termo para aludir aos judeus dispersos a partir do século IV A.C., quando eles se estabeleceram em Alexandria, no Egito, ou em Antioquia da Síria. Por volta do século II A.C., a diáspora já se estendia por uma vasta área, incluindo a Ásia Menor, o norte da África e Roma. Cícero refere-se a judeus que haviam adotado a cidadania romana, em Roma. Havia comunidades judaicas na Europa, antes mesmo do começo do cristianismo, antes da destruição do segundo templo de Jerusalém. Prolongando-se até os tempos modernos, a dispersão tem envolvido a maioria das nações, entre as quais se destacam a Espanha, Portugal, a França, a Inglaterra, a Alemanha, a Polônia, a Rússia, porções da índia e da China, e, posteriormente, muitos lugares do hemisfério ocidental, incluindo as Américas. Na América do Norte encontramos a maior colônia judaica do mundo, fora da Palestina. Na América do Sul as maiores colônias judaicas acham-se, respectivamente, na Argentina e no Brasil. Apesar de tão disperso, o povo de Israel de algum modo consegue permanecer um elemento distinto na cultura para onde ele emigra, mantendo a sua própria cultura e fé religiosa. O movimento sionista tem feito muitos judeus voltarem para Israel, estado criado em 1948, sob a égide das Nações Unidas. Todavia, há mais judeus vivendo fora da Palestina do que ali, o que significa que continua havendo uma grande diáspora, até os nossos próprios dias.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. 11 ed. 2013. pag. 141.
Diaspora, em grego, era geralmente equivalente ao hebraico golah e entrou para o português como “dispersão”. Havia, contudo, uma distinção entre o termo grego que tinha o significado de “disperso” e o hebraico que significava “exilado”. “Diáspora” se referia a um movimento voluntário dos judeus para outras terras que não as suas. Isto os separava tanto dos seus compatriotas que ficaram no seu país, quanto dos estranhos entre os quais os judeus transplantados viviam em outras terras. Golah se referia aos judeus que tinham sido forçados a se mudarem como resultado de guerra, exilados e, algumas vezes, prisioneiros. Os descendentes de tais exilados formavam uma grande parte da diáspora dos tempos do NT.
Os Oráculos Sibilinos (c. 250 a.C.) relataram a dispersão dos judeus “Toda terra e todo mar estão cheios deles”. Nos tempos do NT estimava-se que havia mais judeus vivendo fora (talvez uns três a cinco milhões) do que na Palestina.
A principal causa da Diáspora foi a deportação dos judeus para o exílio por seus inimigos. Os assírios levaram judeus da Samariapara o oriente em 722 a.C., e os babilônios levaram alguns de Jerusalém no ano de 586 a.C. Mais tarde, Pompeu levou judeus para Roma como escravos.
Os judeus, por serem um povo diligente, também foram voluntariamente para outras terras, onde as oportunidades de negócios e comércio eram melhores. O aumento da população na Palestina pressionou os judeus a irem em busca da sobrevivência em outras terras, especialmente as grandes cidades dos países vizinhos. Estas circunstâncias contribuíram para criar o povo chamado de a Diáspora.
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 2. pag. 153.
Diáspora do Reino do Norte Após a morte de Salomão, seu Reino dividiu-se em dois. O Reino do Norte, de Israel, afundou ainda mais profundamente na idolatria e na imoralidade (2Rs 17.14-18). Jeroboão, o primeiro rei da nação dividida, estabeleceu um padrão de apostasia (“abandono” da fé). Epitáfios para reis subsequentes registraram que o governante falecido não se apartou dos pecados de Jeroboão (10.31; 13.11; 14.24; 15.9,18,24,28).
A Assíria conquistou o reino do Norte em 722 a.C. e levou 27 mil israelitas ao exílio, como havia sido predito (17.23). Eles foram assentados em cidades ao longo dos afluentes do rio Eufrates, na Média.
Os assírios de cidades em torno da Babilônia, por sua vez, colonizaram Israel (w. 6,24).
Diáspora do Reino do Sul O Reino do Sul, de Judá, sofreu exílio a leste na Babilônia e ao sul no Egito. O rei babilônio Nabucodonosor capturou o povo em várias etapas, a partir de 605 a.C. até a queda de Jerusalém em 586 a.C. A primeira deportação para a Babilônia levou os tesouros de Jerusalém do templo e do palácio, e “todos os príncipes, todos os homens valentes, todos os artífices e ferreiros, ao todo dez mil; ninguém ficou, senão o povo pobre da terra” (2Rs 24.12-14, ARC; cf. 2Cr 36.10; Jr 52.29,30). Um ano depois, uma segunda expedição concentrou-se no rei judeu vassalo rebelde Zedequias e seus filhos (2Rs 25.1,6,7; Jr 52.4-11). No décimo nono ano do reinado de Nabucodonosor, a Babilônia atingiu Judá uma terceira vez, destruiu o templo e o palácio do rei, e derrubou os muros da cidade. Todos, exceto as pessoas mais pobres, foram levados cativos (2Rs 25.8-21; Jr 52.12-16).
Sisaque, rei do Egito, deportou exilados de Judá no século 10 a.C. Judá perdeu pessoas e também o ouro do templo (lRs 14.25,26; 2Cr 12.9).
Aproximadamente 400 anos depois, Joanã, um nativo de Judá, pensou que podia escapar de Nabucodonosor fugindo para o Egito. Joanã forçou Jeremias e um grupo de outros judeus a irem com ele; eles se estabeleceram em Migdol, Táfanes e Mênfis. Contudo, os babilônios os perseguiram, tomaram controle do Egito e executaram muitos dos judeus ali (Jr 43.5-44.30). Registros de propriedade e artefatos de um altar sugerem que os poucos sobreviventes dentre os exilados es tabeleceram colônias permanentes no Egito (Is 19.18,19).
Outras diásporas O rei egípcio Ptolomeu I (323-285 a.C.) capturou muitos judeus e os levou para o Egito em aproximadamente 300 a.C. Esses exilados se estabeleceram em Alexandria, uma cidade até entáo famosa por ser um centro de conhecimento grego e judaico. Em outros lugares, grandes colônias de judeus foram exportadas da Babilônia para a Frigia e a Lídia por Antíoco III (o Grande) da Síria (223-187 d.C.). Os romanos transplantaram um grupo grande de judeus para Roma. O general romano Pompeu levou muitos para lá como escravos no século 1 a.C.
A dimensão da dispersão dos judeus é sugerida no livro de Atos, onde Lucas descreveu os visitantes de Jerusalém: partos, medos, elamitas, pessoas da Mesopotâmia, Judeia, Capadócia, Ponto, a província da Ásia, Frigia, Panfília, Egito e as áreas da Líbia em direção a Cirene, visitantes de Roma (judeus e convertidos ao judaísmo), cretenses e árabes (At 2.9-11). Os judeus da “Diáspora” estavam em Jerusalém para celebrar a Festa de Pentecoste. Outras comunidades judaicas estavam localizadas nas cidades macedônias visitadas pelo apóstolo Paulo em suas viagens missionárias: Tessalônica, Bereia e Corinto (At 17.1,10; 18.2-4). Em meados do século 1, o imperador romano Cláudio ordenou que todos os judeus deixassem Roma (18.2). Estimativas dão conta de que a população judaica na Palestina no tempo do nascimento de Jesus tinha de 4 a 6 milhões de pessoas. A população da diáspora era muitas vezes maior que a da Palestina; comunidades com mais de 1 milhão floresceram na Ásia Menor, na Mesopotâmia e em Alexandria. Hoje, mesmo com um país, muito mais judeus ainda vivem fora de Israel que dentro.
A despeito de suas dispersões, os judeus de várias diásporas mantinham uma unidade básica com os judeus palestinos através de várias práticas. (1) As grandes festas nacionais — Páscoa, Colheita e Tabernáculos (Êx 23.12-17; Dt 16.1-17) – continuaram a ser observadas no exterior. (2) O imposto do templo usado para a sua manutenção (Êx 30.11-16) era recolhido em comunidades judaicas estrangeiras, mesmo depois que o templo havia sido destruído. (3) Todos os judeus em toda parte reconheciam a autoridade do Sinédrio (o conselho religioso judaico) sobre eles.
Aspectos positivos No exílio, os judeus ficaram inclinados a abandonar a adoração aos ídolos que em parte os alienaram de Deus.
Seu exílio os levou a estabelecerem sinagogas como instituições para oração e educação.
Judeus alexandrinos traduziram as Escrituras do AT para o grego, naquela época a língua internacional. Õ resultado, chamado de Septuaginta, foi a versão frequentemente citada pelos autores do NT.
Do ponto de vista cristão, a rede de comunidades judaicas dispersas tinha uma importância especial. Elas forneciam bases estratégicas para a disseminação do cristianismo, que rapidamente invadiu essas comunidades e o mundo gentílico em seu redor.
Desse modo, Deus usou as dispersões para levar o evangelho aos gentios (Rm 1.11-15; lCo 10.11,12).
Finalmente, as artes, as ciências e as humanidades foram grandemente enriquecidas pelos judeus espalhados por toda a cultura ocidental. Poucos povos têm sofrido tanta intolerância étnica como os judeus e ao mesmo tempo retribuído a essa rejeição com dons e graças culturais de enorme excelência. Embora a igreja de Jesus Cristo tenha se tornado um “novo Israel” e uma “raça eleita” (IPe 2.9), o testemunho da história e das Escrituras indica que Deus ainda tem um interesse único pelos judeus.
Philip W. Comfort e Walter A. Elwell. Dicionário Bíblico Tyndale. Editora geográfica. pag. 492-493.
2- Renasce Israel.
O retorno dos judeus, a que se refere a profecia, diz respeito à segunda diáspora anunciada de antemão pelo Senhor Jesus (Lc 21.24). Essa dispersão judaica durou mais de 1.800 anos, sendo iniciada no ano 70 d.C. por ocasião da destruição de Jerusalém pelos romanos, e foi concluída com a fundação do Estado de Israel em 27 de novembro de 1947, na primeira Assembleia Geral das Nações Unidas, presidida pelo brasileiro, Osvaldo Aranha, quando foi pronunciada por grande maioria de votos (33 x 14) a favor da Partilha da Palestina, com 10 abstenções.
Estavam criadas as bases legais para o estabelecimento do Estado de Israel. O dia 14 de maio de 1948 foi a data da publicação do primeiro diário oficial do país, o dia em que as tropas britânicas deixaram o país e Ben Gurion, o primeiro chefe do Estado, como ministro de Israel, assumiu o governo do país. Desde então, Israel se tornou uma nação soberana.
COMENTÁRIOS
O RENASCIMENTO DE ISRAEL
O retorno dos judeus a que se refere a profecia diz respeito à segunda diáspora anunciada de antemão pelo Senhor Jesus (Lc 21.24). Essa dispersão judaica se iniciou no ano 70 d.C. por ocasião da destruição de Jerusalém pelos romanos e durou mais de 1.800 anos. Ela terminou com a fundação do Estado de Israel em 27 de novembro de 1947, na primeira Assembleia Geral das Nações Unidas, presidida pelo brasileiro Osvaldo Aranha. “Quando foi pronunciada por grande maioria de votos (33 x 14), a favor da Partilha da Palestina, com 10 abstenções. Estavam criadas as bases legais, para o estabelecimento do Estado de Israel, bem como para o Estado Árabe da Palestina”.105 O dia 14 de maio de 1948 foi a data da publicação do primeiro diário oficial do país, o dia em que as tropas britânicas deixaram o país e Ben Gurion, o primeiro-ministro do Estado de Israel, assumiu o governo do país.
Desde então, Israel se tornou uma nação soberana. “Finalmente, em 11 de maio de 1949, Israel foi proclamado estado membro das Nações Unidas”.
Primeiro, vem a restauração nacional, isto é, quando todos os ossos se juntaram e formaram os nervos, e as carnes recobriram esses ossos; estava, pois, o corpo pronto – a restauração de Israel em um só dia e depois das “dores de parto” (Is 66.8). Essa profecia de Isaías é geralmente interpretada como o sofrimento do povo judeu não somente ao longo da história, mas também no período nazista, que terminou com o renascimento de Israel. A fundação do Estado de Israel é cumprimento da promessa do retorno (36.24; 37.21; Am 9.14-15).
Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 126.
Prossegue Ezequiel: “… um barulho de ossos que batiam contra ossos e se ajuntavam, cada osso ao seu osso”. Aqui temos o movimento [ou reboliço] dos ossos, ou seja, a preparação e a viagem à Terra Santa dos primeiros colonos israelitas, que tiveram de enfrentar grandes dificuldades.
O ajuntamento dos “ossos” vem ocorrendo como segue. Em 1917, ano da Proclamação Balfuor, havia 25 mil judeus na Palestina. Esse número aumentou para 83 mil em 1922 e para trezentos mil em 1935, ano em que Hitler se fortalecia na Alemanha e não escondia o seu anti-semitismo.
Em 1937, a população israelita da Palestina já era de 430 mil. Dois anos depois a Inglaterra proibiu a entrada dos judeus na Terra Santa, deixando-os, dessa forma, à mercê dos nazistas. Em 1945, havia quinhentos mil, e três anos mais tarde, quando Israel proclamou sua independência, número chegava a oitocentos mil. Em 1956, já eram 1,9 milhão [quando ocorreu a segunda guerra árabe-israelense]; em 1967,2,8 milhões. Em 1973,3,3; em 1983, mais de quatro milhões, e no final de 1998, cerca de seis milhões.
“Olhei, e eis que havia tendões sobre eles, e cresceram as carnes, e se estendeu a pele sobre eles; mas não havia neles o espírito” [v. 8, ARA], Os “tendões” [ou nervos] indicam alianças políticas, militares, o renascimento da língua hebraica e a recuperação econômica, principalmente através dos kibutzim. Kibutzvem da mesma raiz do verbo hebraico “congregar”, usado por jeremias no versículo 10 do capítulo 31 de seu livro.
As “carnes” indicam as estruturas políticas que deram forma à nação em 1948, da mesma maneira como o reboco dá forma à parede.
A “pele” indica proteção e acabamento. Em 1948, faltava a Israel um exército organizado. Hoje, as forças armadas israelenses estão entre as mais bem treinadas e equipadas do mundo. Basta dizer que na guerra-relâmpago de 1967 havia quarenta soldados árabes para cada soldado israelense, e Israel venceu! É evidente que as palavras divinas de Amós 9.15 se cumpriram:
“Plantá-los-ei na sua terra, e, dessa terra que lhes dei, já não serão arrancados, diz o Senhor, teu Deus” [ARA].
Embora todos esses ossos estejam unidos, com tendões, carnes e pele, falta-lhes ainda a vida espiritual, prometida no versículo 14: “Porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos estabelecerei na vossa própria terra. Então, sabereis que eu, o Senhor, disse isto e o fiz, diz o Senhor”[ARA].
Note que a palavra “Espírito” aqui, com inicial maiúscula, refere-se ao Espírito Santo, conforme Joel 2.28,29 e Atos 2.17,18. O povo de Israel somente será cheio do Espírito Santo quando se converter a Jesus no final do “dia da vingança do nosso Deus” [Is 61.2], ou seja, da Grande Tribulação, do “tempo da angústia para Jacó” etc., que culminará com a batalha do Armagedom no final do reinado do anticristo. [Veja estas passagens: Jeremias 30.7; João 3.36; Apocalipse 3.10; 7.14; 11.18].
104 ALMEIDA, Abraão. Israel, Gogue e o Anticristo. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p. 46-47.
3- Restauração nacional (vv.6-8).
Primeiro, a restauração nacional’ isto é quando todos os ossos se juntaram e formaram os nervos e as carnes recobriram esses ossos, estava, pois, o corpo pronto – a restauração de Israel, em um só dia, e depois das ”dores de parto” (Is 66.8). Essa profecia é geralmente interpretada como o sofrimento do povo judeu no período nazista que terminou com o renascimento de Israel. A fundação do Estado de Israel é o cumprimento da promessa do retorno (Ez 36.24; 37.21; Am 9.14,15).
COMENTÁRIOS
Essa parte do oráculo mostra o que Deus vai fazer e como isso será feito. É a restauração de Israel representada nessa ressurreição dos ossos secos. Javé revela isso a Ezequiel e manda que ele profetize aos ossos, como se fossem um auditório de ouvintes.
A pergunta de Javé ao Profeta: será que estes ossos podem reviver? serve para lembrar o Profeta do poder de Deus para trazer a vida até mesmo aos ossos, o que, aliás, já havia acontecido em Israel (2Rs 13.21). Ezequiel sabia a resposta, sem dúvida alguma, mas devolveu a questão a Javé: Senhor Deus, tu o sabes. Isso, segundo Moshe Greenberg, realça que “o profeta evita invadir a liberdade de Deus em sua resposta respeitosamente evasiva”.
Então, Deus ordena a Ezequiel: Profetize para estes ossos. E o conteúdo da profecia é: Ossos secos, ouçam a palavra do Senhor, como se falasse a um auditório ou a uma multidão. Como afirma Zimmerli, “o profeta é de repente transformado de porta-voz humano impotente para porta-voz onipotente divino”.101 Note que, em seguida, o profeta introduz o discurso usando a fórmula de autoridade divina: Assim diz o Senhor Deus a estes ossos. Ele recebe a incumbência de proclamar sobre os ossos secos a palavra profética, para que eles prestem atenção no mensageiro autorizado que vai trazer a mensagem divina: Eis que farei entrar em vocês o espírito, e vocês viverão. Esse espírito é o elemento crucial para a vida. A expressão hebraica rûaḥ wîḥyîtem, “espírito e vocês viverão”, traduzida na Septuaginta pela expressão grega pneuma zōēs, “espírito de vida” dado por Deus, é a mesma usada em Apocalipse 11.11.
Segundo a agenda divina, que Javé antecipa ao Profeta e manda-o a profetizar, Porei tendões sobre vocês, farei crescer carne sobre vocês e os cobrirei de pele. Os tendões, ou “nervos” (ARC, TB), correspondem à palavra hebraica gîd, “tensão, nervo”, a mesma usada para descrever a contusão da coxa de Jacó (Gn 32.32). Tendão ou nervo é o tecido fibroso pelo qual um músculo se prende a um osso. Depois de religar os ossos com os tendões, virá a cobertura dos ossos com a carne e, em seguida, a carne será revestida com a pele. A vivificação dos ossos por meio da entrada do espírito é reiterada e a razão dessa restauração: Então vocês saberão que eu sou o Senhor, frase muito comum na profecia de Ezequiel, explicada.
Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 121-122.
A Notável Lição Espiritual. Os mortos podem ser reanimados pela palavra de poder de Yahweh, e isto se aplica a nações e indivíduos. Estes versículos não falam diretamente sobre a imortalidade da alma, nem sobre o tema geral da ressurreição, mas o milagre no Vale de Ossos Secos apoia ambas as doutrinas. Há vida depois da morte biológica.
Sabereis que eu sou o Senhor. Yahweh ficou conhecido pelo milagre da ressurreição. Este tema se repete 63 vezes no livro, normalmente associado à ideia de julgamento, mas, às vezes, como aqui, à restauração. Cf. Eze. 16.62;
28.25-26; 34.30; 36.11 e o vs. 13 do presente capítulo.
Então profetizei segundo me fora ordenado. Ezequiel obedeceu às ordens de Yahweh e Ele deu o comando da vida, através de sua profecia. Imediatamente, o profeta ouviu o ruído dos ossos chocalhando e, quando olhou, todos se tinham ajuntado, formando esqueletos perfeitos. Ao mesmo tempo, a carne voltou aos esqueletos e logo houve, em toda parte, espécimes maravilhosos de seres humanos. Ainda não eram animados, mas a obra se completaria em breve. Foi um milagre magnificente, mas não mais do que aquilo tipificado: a restauração dos ossos secos (exílios) no cativeiro babilónico.
Ideias sobre o Ruído. 1. O barulho de um terremoto; 2. os gritos dos judeus ao ouvir o decreto de Ciro que os liberou para voltar a Jerusalém; 3. Uma grande voz dos céus comandando a ressurreição; 4. a voz de anjos, agentes de vida; 5. a trombeta de Deus. Melhor, o barulho era, simplesmente, o som dos ossos se ajuntando para fazer esqueletos viáveis.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3316.
Como foi desenvolvido aqui, o processo pelo qual Yahweh irá cumprir sua promessa envolve quatro estágios discretos: ele vai religar os ossos com tendões, cobrir os ossos com carne, revestir a came com pele, e infundir-lhes fôlego. A sequência, envolvendo ossos, tendões, came e pele, reflete uma compreensão de anatomia disponível para qualquer um que tenha testemunhado a matança de um animal; inverte, também, o processo de decomposição. A fórmula de reconhecimento conclusiva dá a este segmento a qualidade de uma declaração de comprovação, realçando que o alvo de Yahweh ao reviver esses ossos, não é simplesmente uma reconstituição químico-biológica do corpo ou até mesmo a restauração da vida física. Ele deseja reavivamento espiritual: um novo reconhecimento dele e, ao mesmo tempo, um novo relacionamento com ele.
Estes versos descrevem a submissão do profeta para com a ordem divina e seus efeitos. A sintaxe de Enquanto eu estava profetizando, houve um barulho, um som de chocalho, é deselegante, mas enfatiza a conexão entre a palavra profética e o evento. A declaração, anunciada como a Palavra de Yahweh (v. 4), sinaliza-o para a ação. A construção cria, também, a impressão de que a reconstrução se procedeu rapidamente; osso batendo no osso até que cada um estava no seu devido lugar. O profeta fica perplexo à medida que observa a promessa de Yahweh se cumprindo diante de seus olhos. Num momento crítico, entretanto, o processo parece abortar. A oração circunstancial, no fim do v. 8, identifica o problema – não há fôlego (rüah) nos ossos – e prepara o caminho para a segunda fase da atividade divina.
Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 349.
SINOPSE II Israel experimentou duas diásporas, ou seja, duas dispersões. A primeira aconteceu com os assírios e babilônios; a segunda, com os romanos.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
DUAS RESTAURAÇÕES
“Por meio do Espírito Santo, Ezequiel vê numa visão um vale cheio de ossos secos. Os ossos representam ‘toda a casa de Israel’ (v.11), i.e., tanto Israel como Judá, no exílio, cuja esperança pereceu na dispersão entre os pagãos. Deus mandou Ezequiel profetizar para os ossos (vv.4-6). Os ossos, então, reviveram em duas etapas:
(1) uma restauração nacional, ligada à terra (vv.7,8), e (2) uma restauração espiritual, ligada à fé (vv.9,10). Esta visão objetivou garantir aos exilados a sua restauração pelo poder de Deus e o restabelecimento como nação na terra prometida, apesar das circunstâncias críticas de então (vv.11-14). Não há menção da duração do tempo entre duas etapas” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.1223).
III – SOBRE O MILAGRE DO SÉCULO XX
1- O testemunho de Deus para o mundo.
Israel é uma testemunha contínua de Deus sobre a Terra. As potências estrangeiras que levaram os filhos de Israel à diáspora, diz o profeta Jeremias, vão desaparecer da Terra. Isso se cumpre hoje·(Jr 30.11), mas a promessa garante a existência de Israel até o fim de tudo. Israel está aí, os ossos secos já reviveram, o corpo foi formado mas não havia neles espírito”, diz a palavra profética (v.8). É isso que falta hoje em Israel.
COMENTÁRIOS
Porque eu estou contigo, diz o Senhor, para salvar-te. Yahweh está com Seu servo, Seu povo, Seu amado; e salvará a todos eles, individual e nacionalmente (Rom. 11.26). Isso será acompanhado pela temível destruição dos inimigos que os oprimiram. Grandes e revolucionários levantes serão experimentados entre as nações, o que significará a ruina total. Eles terminarão, mas o mesmo não acontecerá ao povo de Israel, embora tantos povos se tenham esforçado para isso. Será aplicada a correção a Israel; haverá intensos sofrimentos, como meio de restauração, e não de destruição. Haverá salvação por meio da dor, e não evitando a dor. Contudo, Yahweh não os exterminará (ver Jer. 4.27; 5.10,18). A punição terá por finalidade corrigir, e não exterminar. Ver Jer. 10.24. Mas o pecado será punido (ver Jer. 25.29; 49.12).
Aceitar que o julgamento divino consiste apenas em retribuição é condescender com uma teologia inferior. Os julgamentos divinos sempre são remediais, e tão severos quanto a necessidade, para que exerçam seu efeito restaurador. Muitas nações desapareceram definitivamente, mas isso não acontece às almas. O plano divino tem permitido que certas nações continuem atravessando séculos. E também há a imortalidade da alma, a provisão superior de Deus.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3085.
“Eis que te livrarei” (v. 10). “Eu sou contigo… para te salvar” (v. 11). Quando eles estão em dificuldades, Ele está com eles, para livrá-los de afundar debaixo delas. Quando chegou o tempo de serem libertos, Ele estava com eles, pronto para, na primeira oportunidade, livrá-los da sua aflição. 2. Embora eles estivessem longe, distantes de sua própria terra, separados na terra do seu cativeiro, a salvação os encontraria, e os traria de volta (tanto a eles como a sua descendência), porque eles também seriam conhecidos entre os gentios, e distintos deles, para que pudessem voltar (v. 10). 3.
Embora estivessem agora cheios de temores, e continuamente alarmados, chegará o tempo em que descansarão e ficarão sossegados, salvos e tranquilos, e não haverá quem os atemorize (v. 10). 4. Embora as nações para as quais eles haviam sido espalhados fossem destruídas, eles seriam preservados dessa destruição (v. 11): “Darei fim a todas as nações entre as quais te espalhei”… (e havia o risco de se perderem entre elas) “a ti, porém, não darei fim”. Foi prometido que na paz destas nações eles teriam paz (cap. 29.7), no entanto, na destruição destas nações eles escapariam da destruição. A igreja de Deus pode, às vezes, ser muito abatida. Porém Ele jamais a eliminará (cap. 5.10,18). 5. Embora Deus os corrija (e com razão) pelos seus pecados – suas múltiplas transgressões e grandes pecados – Ele retornará a eles em misericórdia, e nem mesmo os pecados que praticaram impedirão o seu livramento, quando chegar o tempo determinado por Deus.
Embora os seus adversários sejam poderosos, Deus os abaterá, e quebrará o seu poder (v. 16): “Todos os que te devoram serão devorados”, e assim a causa de Sião será pleiteada e será manifestada a todo o mundo como uma causa justa. Assim o livramento de Sião será efetuado pela destruição dos seus opressores. E assim seus inimigos serão recompensados por toda a injúria que lhe fizeram. Porque há um Deus que julga na terra, um Deus a quem a vingança pertence: “Todos os teus adversários, sem exceção, irão para o cativeiro, e chegará o dia em que aqueles que agora te despojam serão entregues ao saque”. “Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá” (Ap 13.10). Isto poderia servir para obrigar os conquistadores atuais a usarem bem os seus cativos, porque a roda irá girar, e poderá chegar o dia em que eles também serão cativos. Assim, eles devem agir, agora, da mesma forma como desejarão que os outros ajam para consigo.
Embora as chagas pareçam mortais, Deus irá sará-las (v. 17): “Restaurarei a tua saúde”. Ainda que a doença seja muito perigosa, o paciente estará seguro se Deus comprometer-se em operar a cura.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pag. 429.
A queda de Jerusalém, da cidade do Grande Rei, com o templo, onde por tantos anos o Senhor fora adorado, foi uma catástrofe, uma calamidade sem nome. Agora, cada qual fugia como podia, para não cair nas malhas da rede babilônica. Se tivessem ouvido o profeta, tudo isso seria evitado. O profeta, porém, estava só. O rei Zedequias o consultava, de vez em quando, mas não tinha coragem de tomar uma decisão, e se o chefe do governo era assim indeciso, o que esperar do povo? Foi uma angústia para Jacó (v. 7). Deus havia feito a sua boa parte, mas não encontrara apoio para salvar a cidade. O profeta escreveria tudo que Deus lhe ordenasse, pois fiel era ao seu Deus. Tudo quanto os faltos profetas tinham prometido estava agora provado ser inverídico, porém era tarde.
Os homens andavam pelas ruas com as mãos na cintura, como a mulher antes de dar à luz, e os rostos eram pálidos de morte (v. 6). No meio de toda esta angústia, há uma promessa gloriosa: … eu quebrarei o jugo de sobre o seu pescoço, e romperei as suas brochas. Nunca mais se servirão dele os estrangeiros (v. 8). A promessa vai até Davi, o seu rei que levantarei (v. 9). Naturalmente, Deus não está prometendo ressuscitar a Davi, para que o povo o sirva, mas se refere à raiz de Davi, a surgir mais tarde. Vistas assim as coisas, só há um caminho agora: seguir para o cativeiro e esperar a promessa da restauração. isso era já uma grande esperança, pois o cativeiro não era um fim, mas um modo de conduzir os negócios.
Mesquita. Antônio Neves de,. Jeremias. Editora JUERP.
2- O status de Jerusalém entre as nações.
As potências estrangeiras pressionam o governo de Israel sobre o status de Jerusalém, entre outras coisas. Israel é um Estado soberano desde 1948, uma nação reconhecida pelas Nações Unidas, depois de mais de 18 séculos de diáspora, mas está ainda sob pressão internacional. Jerusalém continua sendo pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem, como anunciou o Senhor Jesus (Lc 21.24).
COMENTÁRIOS
A Destruição de Jerusalém (21.20-24). Estes versículos se referem ao vindouro julgamento de Jerusalém, e não à Segunda Vinda de Jesus (cf. Lc 19.43,44). Aqui, Jesus enfatiza o perigo que os crentes experimentarão na calamidade. A narrativa de Lucas não inclui todos os detalhes providos em Mateus e Marcos. Nada é dito, por exemplo, sobre “a abominação da desolação” (Mt 24.15; Mc 13.14) e sobre esses dias de julgamento serem encurtados por causa do povo de Deus (Mt 24.22; Mc 3.20). No versículo 6, Jesus predisse a destruição do templo; esta seção enfoca o fim violento da cidade.
Como o crente saberá que a destruição de Jerusalém está próxima? Quando eles virem a cidade sendo cercada por exércitos hostis, eles perceberão que o tempo da devastação está perto. Os exércitos invasores serão o sinal para os fiéis que estiverem dentro e ao redor da cidade fugirem para as montanhas. Seus muros e torres não servirão de proteção contra as forças inimigas. Esse julgamento vindouro será “dias de vingança” (v. 22) pela incredulidade e pecados da cidade contra o evangelho, também cumprindo as advertências de Jeremias e Miquéias contra a deslealdade da nação (Jr 7.14-26; 16.1- 9; Mq 3-12).
A captura de Jerusalém trará sofrimento a todos, sobretudo às mulheres grávidas e novas mães. A destruição será terrível, e a ira (orge, “furor, punição, castigo”) de Deus virá sobre “este povo”, os judeus. Quando Jerusalém cair nas mãos dos gentios, alguns dos defensores da cidade morrerão na batalha, ao passo que outros serão levados como prisioneiros a países estrangeiros. A cidade permanecerá sob controle de estrangeiros “até que os tempos dos gentios se completem”. Deus ordenou quanto tempo os gentios governarão sobre Jerusalém. Quando esse tempo terminar, a cidade será devolvida à custódia dos judeus. Esta profecia de Jesus já foi cumprida parcialmente em nossos dias, pois os judeus repossuíram a cidade. Mas só Deus sabe quando “os tempos dos gentios” terminarão. Quando isto ocorrer, Cristo virá e estabelecerá seu Reino sobre a terra.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 455-456.
Em quarto lugar, uma tragédia avassaladora (Lc 21.24). Quando Tito entrou na cidade, destruiu seus muros, incendiou o templo e jogou tudo por terra, ele não poupou velhos nem crianças, nem homens nem mulheres, mas promoveu uma chacina sem precedentes. Os restantes foram levados cativos pelo mundo, na maior diáspora de todos os tempos, desde o ano 70 d.C. até 14 de maio de 1948, quando Israel retornou ao seu território como nação.
LOPES. Hernandes Dias. Lucas Jesus o Homem Perfeito. Editora Hagnos. 1 Ed 2017.
A ira de Deus contra esse povo será manifestada no fato de que ele sucumbirá pelo fio da espada e será levado cativo entre todos os povos. Jerusalém será pisoteada pelos gentios, i. é, será tratada com desdém (cf. Ap 11.2; 1Macabeus 3.45; 4.60). Ocorre aqui uma nítida alusão à profecia de Daniel (cf. Dn 8.13). Essa ira divina sobre Jerusalém durará o tempo necessário até que se cumpra o prazo dos gentios. Nesse contexto não se deve pensar em um prazo de clemência que sirva à conversão dos gentios (cf. Ap 11.2). Esses tempos começam pela conquista e devastação de Jerusalém por exércitos gentios, até o fim do prazo durante o qual Deus concedeu poder aos gentios sobre o povo dele.
Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica Esperança.
3- Restauração espiritual.
Quando o espírito de graça e de súplica vier sobre os judeus, aí ocorrerá a restauração espiritual (Zc 12.10; Ez 37.23-28). A palavra profética vislumbra essa promessa (v.14). É o que falta no momento em Israel. Devemos amar o povo de Israel e orar pela paz de Jerusalém (Sl 122.6).
COMENTÁRIOS
A restauração espiritual anunciada antes nos discursos sobre o retorno dos judeus (Ez 37.23-28) é retomada nessa profecia: Porei em vocês o meu Espírito, e vocês viverão. É o Espírito Santo derramado sobre o povo pela graça de Deus com a manifestação do Messias (Zc 12.10). É o que falta no momento em Israel.
Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 125.
Poreis em vós o meu Espírito, e vivereis. O poder que dá vida, que efetuou a ressurreição nacional, é identificado como o Espírito de Deus. Assim devemos equiparar o ruah (vento) dos vss. 5 e 9 ao ruah (Espírito). Este versículo mostra que a renovação foi espiritual, não meramente física. O povo recebeu de volta a sua Terra, mas também foi transformado para ter um andar digno de sua chamada, obedecendo à lei de Moisés. Cf. Eze. 36.27. “A ressurreição moral do povo e a restauração à sua Terra foram intimamente associadas, Cf, esta ideia a uma associação semelhante (o espirito com o físico) em João 5.21-29” (Elíicott, in te.).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3316.
O oráculo poderia ter terminado aqui, mas uma palavra final é acrescentada para afastar qualquer outro desespero. O v. 14 se divide em duas partes, sendo que cada uma consiste de um anúncio de uma ação divina seguida de uma resposta humana. Reiteirando, primeiramente, 36.27, Yahweh declara que vai pôr o seu próprio Espírito dentro da casa de Israel. Este anúncio responde às questões concernentes à identidade do Espírito que dá vida aos ossos, na visão, e à maneira pela qual os cadáveres, nas sepulturas, serão ressuscitados; as formas de expressão também ligam deliberadamente esse oráculo com a profecia anterior. Havendo infundido os cadáveres com seu sopro de vida, Yahweh vai pegá-los e colocá-los em sua própria terra. Assim como em 36.36, a adição de dibbart’ wa‘ãé’t’, eu falei e vou agir, lembra a audiência quanto à veracidade da palavra divina. A única esperança de Israel está em seu Deus, que é ao mesmo tempo o Senhor soberano da História e a fonte de vida. A restauração de seu povo será seu momento climático da autorrevelação. A fórmula signatária sela ou afiança esta mensagem.
Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 355.\
SINOPSE III
O renascimento de Israel como nação soberana é um dos maiores milagres do século XX. Isso é uma prova da fidelidade de Deus e da veracidade da Bíblia.
CONCLUSÃO
Nem mesmo as duas diásporas dos judeus e as constantes perseguições promovidas pelos antissemitas puderam neutralizar as promessas divinas. Israel sobreviveu a todas as intempéries da vida e existe como nação soberana desde 1948. A visão do vale de ossos secos revela a situação dos judeus na diáspora e, ao mesmo tempo, anuncia, de antemão, o poder e a misericórdia de Deus em restaurar o seu povo Israel e transformá-lo em uma nação soberana e poderosa no meio da Terra.
REVISANDO O CONTEÚDO
1- O que a visão do vale de ossos secos anuncia?
Essa revelação é uma profecia que anuncia de antemão a restauração nacional de Israel, depois de muitos séculos de dispersão entre as nações, seguida pela restauração espiritual.
2- O que a palavra profética esclarece sobre a visão de Ezequiel?
A palavra profética esclarece que “estes ossos são toda a casa de Israel” (Ez 37.11).
3- Quando iniciou e terminou a Segunda Diáspora?
A Segunda Diáspora começou no ano 70 d.C. com a destruição de Jerusalém pelos romanos e terminou com a fundação do Estado de Israel em 1947/1948.
4- Desde quando Israel voltou a ser um Estado soberano?
Israel é um Estado soberano desde 1948, uma nação reconhecida pelas Nações Unidas, depois de mais de 18 séculos de diáspora.
5- Quando será a restauração espiritual de Israel?
Quando o espírito de graça e de súplica vier sobre os judeus, aí ocorrerá a restauração espiritual (Zc 12.10; Ez 37.23-28).